apenas um pensamento...

Diálogo do amigo e como reconhecê-lo - Susana Oliveira

Pensando estar sozinha, ela chorava.

- Por que choras? 

- Não sei mais viver.

- Ora, mas todos sabem como viver!

- É verdade, e eu bem sabia, porém, como saberei viver agora? Não consigo mais andar.

- Como não consegue andar? Vejo que tem pés para isso.

- Não posso. Estou cega, e por estar cega sempre que tento seguir em frente tropeço em meus próprios pés.

- Oh! Queira me desculpar, não havia percebido.

- Tudo bem, é que já aprendi a disfarçar. Tenho conciência da minha cegueira e por isso me envergonho e a escondo. Não preciso de pena.

- Não fale assim! Ninguém tem culpa de estar cego. Me diga: como ficou assim?

- Bem, não sei ao certo o que me ocorreu. Só sei que quando fui ver não podia mais ver nada! Daí me veio uma dor no coração. Me disseram que estou doente de uma coisa muito comum e que logo passa, que tem um remédio que cura: o tempo, que fará aos poucos essa minha dor cessar.  Mas por enquanto não consigo ver remédio, não vejo nada. 

- Pois bem, me dê sua mão.

- Para que?

- Irei lhe ajudar a andar, ire te guiar, e quando tropeçar poderá se segurar em mim. Serei seus olhos, lhe direi o que eu vejo, e esperarei até que tu te cures e possa dar seus próprios passos e ver como a vida é bela.

Ela segurou na mão que ele estendeu.